O Medo

Sylvio Fratelli Filho -

Você já sentiu medo? Vivemos numa época que o medo sufoca as pessoas. Existe um medo natural na vida humana, o qual foi dado por Deus para a preservação da vida. Refere-se ao cuidado que temos quando atravessamos uma rua, quando estamos num lugar alto, quando nos deparamos com o perigo, etc. Mas há um medo que se torna rebelião contra Deus e é tão terrível que Jesus diz em Apocalipse 21.8: “Quanto, porém aos covardes (medrosos), aos incrédulos... a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.”

Que medo é esse? É o medo de obedecer aos princípios de Deus, e de fazer a Sua vontade. Isto demonstra uma falta de fé e de confiança. A pessoa julga que sua sabedoria é mais sábia que a de Deus e que seu poder de manejar as coisas está acima da habilidade do Senhor. É quando o Espírito Santo dá uma direção e a pessoa acha que aquele caminho não é o melhor, tomando assim outra direção. Muitas vezes Deus diz: “Faça isso...”, mas a pessoa se recusa a fazê-lo por medo, confiando mais em sua própria percepção e consideração do que no amor e fidelidade de Deus.

Medo é resultado de duvidar de Deus, é como dizer a Ele: “O Senhor está errado, pois ao fazer o que me diz, serei prejudicado”. “O Senhor está dizendo que é bênção para mim, mas não acredito, pois se eu fizer assim vou me dar mal”. Quando duvidamos, é o mesmo que dizer que Ele não é amor, bondade, misericórdia e justiça.

Talvez você diga: “Mas, eu nunca chamei Deus de mentiroso!” Mas devemos nos lembrar que nossas atitudes também falam. Sempre que agimos assim, sentimos angustia, aflição e depressão, e corremos o risco de ficarmos longe do Senhor, hoje e na eternidade.

Paulo diz em II Timóteo 1.3-8, que Deus não nos dá espírito de medo, de covardia ou fraqueza. Ele inicia esta carta, dizendo que agradecia a Deus pela fé que via na vida de Timóteo e o aconselhou a não permitir que o dom que havia recebido se esfriasse, mas que reavivasse a cada dia. Provavelmente Timóteo estivesse passando por um período difícil em que talvez o medo estivesse atingindo-o, permitindo assim, que se extinguisse o dom que havia recebido. Paulo exorta-o a que não deixasse isso acontecer, mas que Timóteo olhasse para Deus, O qual estava derramando sobre ele o Espírito Santo e enchendo-o de poder, de amor e de domínio próprio a fim de que realizasse as obras do Senhor.

Assim acontece conosco, o medo surge quando enfrentamos situações adversas. Quando os problemas chegam, muitas indagações também chegam às nossas mentes. Uma série de porquês e a falta de respostas nos impulsionam ao medo, às dúvidas, ficamos apavorados e fatalmente isso nos leva à queda, seja na vida cristã, no lar, no ministério ou em qualquer outra atividade da vida. O medo conduz a pessoa a isolar-se, permanecendo na solidão sua alma é invadida pela depressão, a qual o faz desistir de viver

O medo pode ainda agir em forma de julgamento. Vemos em Lucas 10.38-42 quando Marta, desejando oferecer boa recepção a Jesus, ao mesmo tempo sentiu medo do que Jesus poderia estar pensando sobre o modo como ela O servia, isso a levou a fazer muitas coisas. Esse medo é tão pernicioso que impeliu Marta a julgar Jesus e Maria sua irmã, que permanecia sentada ouvindo os ensinamentos do Senhor, dizendo: “Senhor não te importas que minha irmã tivesse deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me”.Esse sentimento estimulou-a a negligenciar o mais importante, isto é, ouvir o que Jesus ensinava, tornando-a insatisfeita com a situação. O medo do que outros pensam a nosso respeito, leva-nos à insegurança, julgando essas pessoas e demonstrando assim, que não estamos confiando no Senhor, que é o Único que nos faz habitar em segurança.

Paulo diz em Filipenses 4.6-7 que ao confiarmos no Senhor não ficaremos ansiosos, pois falamos a Ele dos nossos temores e a seguir O louvamos por Sua ajuda, então a paz enche nossos corações e nos guarda (Leia Mateus 6.25-34). O medo nos leva a mentir e cometer loucuras (veja Gênesis 26.6-9). Por medo de morrer, Isaque mentiu e seria capaz de entregar sua própria esposa a outro homem. Ele tinha uma promessa de Deus para sua vida e sua descendência, mas o medo o fez passar por cima dessa promessa. Se em situações adversas, tentarmos preservar nossa vida através de mentiras, acabamos perdendo o melhor que Deus reservou para nós.


Existe ainda outro tipo de medo, que leva a pessoa a fugir das situações difíceis e das desilusões, desejando a morte como foi o caso de Elias em I Reis 19.4. Tanto o medo de morrer como o desejo de morrer é sinal de incredulidade e desrespeito ao poder, sabedoria e ao plano de Deus. Medo de morrer é não confiar no amor e poder protetor do Senhor, e desejo de morrer significa que você não confia no plano eterno que Deus preparou para sua vida.

Em Números 13.27-30, encontramos ainda um outro tipo de medo, que nos leva a um senso de inferioridade e insignificância, pelo qual ofendemos ao Senhor, pois seria o mesmo que dizer que o Deus que habita em nós é insignificante e que o Espírito Santo é fraco para nos ajudar a alcançar Suas promessas. O medo leva a pessoa a rejeitar a bênção e depois chorar por não tê-la; sente medo de abraçar a fé e apropriar-se do que Deus diz. Olha para os obstáculos e reclama dizendo que Ele não quer abençoá-lo. No texto de Números (acima) observamos que pelo fato dos espias terem tido medo, desacreditando no que Deus dissera, levaram uma nação inteira a desobedecer e perder a bênção prometida. Por isso Jesus disse que os medrosos não herdarão o Reino dos Céus. A fé nos leva a agir sobre a Palavra de Senhor, mas o medo nos leva a agir segundo nossa própria mente.

Em Mateus 10.16-20, Jesus fala de passarmos por dificuldades, perseguições, prisões, sofrimentos, ofensas, etc., em virtude de sermos Seus discípulos, mas muitas vezes temos medo de passarmos por essas situações e assim deixamos de seguir a Jesus. Mas quando confiamos no Senhor, O qual disse que estaria conosco e que nos ensinaria, não temos medo, nem dúvidas e nem inseguranças.

Em Mateus 10.26-28, Jesus nos instruí a não termos medo das pessoas e nem das situações, mas termos somente o temor do Senhor e não nos rebelarmos contra Seus mandamentos, pois em 1 Samuel 15.23, somos advertidos que a rebelião é tão terrível como o pecado de feitiçaria e em Apocalipse 1.28, vemos que os medrosos estão na mesma categoria que os feiticeiros, assassinos, etc. Tomemos cuidado para não entristecermos a Deus e apagarmos o mover do Seu Espírito, sentindo medo das pessoas, do que possam fazer, falar ou pensar a nosso respeito; medo de que alguma coisa dê errado; medo de morrer; medo de perder coisas ou posições.

Em 1 Reis 18, o rei Acabe estava a procura de Elias, a quem Deus mandou apresentar-se ao rei. Elias pede a Obadias que diga ao rei: “Eis que Elias está aí”. Mas este ficou com medo de que o rei Acabe o matasse se caso, Deus mudasse de idéias, levando Elias para outro lugar. Quantas vezes temos medo de dizer o que Deus nos manda falar, pensando: “E se Deus não fizer?” Esse medo insulta a integridade do Senhor, pois lança dúvidas acerca de Sua Palavra. Porém, existe um medo que é sadio e a Palavra de Deus o classifica de “temor do Senhor”; o qual é o princípio da sabedoria. Sadio porque nos faz respeitar a presença de Deus, medo de pecar e ofendê-LO, levando-nos a buscar Sua direção e permanecermos vigilantes, controlando assim os desejos do nosso coração. Este “temor a Deus”, não permite que nenhum outro tipo de medo nos domine. Produz o desejo de ouvir Sua voz e em cada circunstância da vida fazer Sua vontade. John Wesley disse: “Deus, me dê cem homens que não tenham medo de nada, a não ser o de pecar contra ti e com eles abalarei o mundo”.

O temor do Senhor nos leva a ouvir o que o Espírito está falando, enquanto que o medo nos induz a uma preocupação excessiva e à atitudes descontroladas. No medo de errar, cometemos muitos erros.

Ouça este conselho: “Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no SENHOR está seguro”.(Pv. 29.25). “O temor do SENHOR prolonga os dias da vida, mas os anos dos perversos serão abreviados”, (Pv 10.27). “No temor do SENHOR tem o homem forte amparo, e isso é refúgio para os Seus filhos”.(Pv 14.26). “O galardão da humildade e o temor do SENHOR são riquezas, honra e vida”. (Pv 22.4)

Em Lucas 21.25,26, Jesus mostra que o medo é um sinal dos últimos tempos, e traz como conseqüência; angústias, perplexidade, desânimo, preocupação, derrota, negativismo, enfermidades, tristeza, precipitações, etc... Mas Jesus diz aos que crêem que devem alegrar-se pois se aproxima o dia da redenção. Enquanto aguardamos este dia, que tenhamos bom ânimo, pois Ele já venceu todas as coisas na cruz do Calvário e nos faz mais que vencedores e que nada poderá nos separar do Seu amor (Rm 8.31-39).

Hoje muitos têm medo de ficarem doentes, quando a pior doença é o medo; as doenças podem no muito matar o corpo, mas o medo mata a alma. Muitos têm medo de perderem as coisas, mas não se apercebem que a pior perda é a da fé. Medo é resultado de um coração dividido, pois não sabe se confia em Deus ou em si próprio. “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. O medo produz tormento; logo aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”. (Jo 4.18) Medo e fé jamais andam juntos. “Disse Jesus: Não, mas crê somente”. (Mc 5.36)